A Universidade Federal de São Paulo realizou evento virtual e aberto à sociedade e contemplou os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU
Por Sylvia Maria Affonso
17 objetivos de desenvolvimento sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)
As mudanças na Ciência e Educação trazidas pela pandemia do novo coronavírus estão sendo sentidas no Brasil e no mundo e forçam a organização de um formato mais eficiente de fomento e análise de resultados. A busca por informações sobre prevenção da Covid-19, testes e vacinas se intensificou, assim como notícias falsas proliferaram. A Ciência nunca foi tão desejada nas plataformas de busca e os desafios para acesso à informação só aumentou com o passar dos meses.
Como a maior instituição federal paulista, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se sentiu na obrigação de inovar — e talvez revolucionar — ao realizar o VI Congresso Acadêmico em formato virtual, com salas simultâneas, transmissão pelo YouTube e intérpretes de libras. Com o tema “Ciência e Universidade, transformações para a sociedade” o congresso durou uma semana e teve 26 mil inscritos.
Um típico congresso acadêmico é um evento no qual professores avaliam trabalhos de sua área, dos estudantes de sua área e discutem com outros pesquisadores da mesma área — algo maçante e nada inovador. Para promover uma mudança, durante seis meses, uma equipe multidisciplinar discutiu como seria o novo formato do congresso acadêmico durante a pandemia.
O resultado foi um encontro entre as áreas da Ciência e aberto à sociedade, a fim de incentivar os participantes a pensar além de sua área de atuação. Foram 62 mesas institucionais, 108 sessões científicas e 1.731 trabalhos acadêmicos avaliados por 344 professores. O formato virtual e aberto à sociedade, aliados à diversidade, contribuíram para outra conquista: contemplar os 17 objetivos de desenvolvimento sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Assim como o congresso acadêmico 2020 da Unifesp propôs transformações para a sociedade, os ODS recomendam transformações globais. Para cumprir essa tarefa é preciso análise dos processos institucionais e suas ações locais. No total são 17 ODS, com 169 metas, acordados pelos países signatários da ONU que devem ser atingidos até 2030. Os objetivos devem fazer parte de planos de ação dos países para garantir acesso à saneamento básico, alimentação, educação, saúde e respeito social.
Atingir os ODS requer inovação e diversidade. As comissões locais de campi, os estudantes e a superintendência de informação e divulgação em redes sociais dialogaram continuamente para mostrar para a sociedade as pesquisas realizadas na universidade. Dos 26 mil inscritos, 40% eram externos à instituição, o que mostra o interesse da sociedade pelo conhecimento e destaca a capacidade da universidade de mobilizar a sociedade e fomentar o desenvolvimento científico.
A média diária de 13 mil espectadores revela a dimensão do congresso que discutiu temas como distanciamento social e saúde mental, difusão científica, ciência e religião, SUS e Covi-19, racismo, Estado e democracia, vidas importam, mulheres em liderança, ensino híbrido, inovação social e, claro, vacinas.
A inovação no formato aberto e virtual permitiu a participação de palestrantes internacionais. Por exemplo, a diversidade de temas e a acessibilidade — intérpretes de libras, computadores e acesso à internet para estudantes vulneráveis — contribuíram para contemplar os ODS 4 (educação de qualidade), 7 (energia limpa), 8 (trabalho decente), 9 (inovação), 10 (redução das desigualdades), 11 (comunidades sustentáveis), 12 (consumo responsável), 13 (mudança climática), 16 (instituições eficazes) e 17 (parcerias).
Instituições organizadas e comprometidas com a sociedade buscam atingir os ODS e, para tanto, estão abertas para os setores empenhados em fazer um mundo diferente e bom pra todo mundo. Impacto global se inicia em ações locais, e por isso a sociedade tem que se sentir parte da universidade, trazer os problemas que precisam ser resolvidos e pesquisados pelos cientistas.
A Unifesp, com mais de 4.000 funcionários, 1.650 docentes e 15.800 estudantes de graduação e pós-graduação distribuídos em sete campi está aproximou a sociedade dos cientistas e promoveu educação científica durante seu congresso inovador. As mudanças continuam após o congresso, pois o conteúdo pode ser revisto, compartilhado e consultado por toda a sociedade nos canais institucionais.
Uma sociedade educada tem autonomia para a tomada de decisões e adoção de políticas públicas baseadas em evidências.
Playlist do Congresso Acadêmico Unifesp 2020
Fonte ODS no Brasil
Crédito da imagem da capa da arte: Ken Robinson/Global Goals