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afro_sambas.jpg Caros amigos, depois de dez anos o Coral UNIFESP chega ao seu segundo disco. 
O nosso principal motor neste trabalho foi a escolha de um repertório que tivesse uma unidade conceitual, composto por peças especialmente escritas para o grupo.
Este objetivo aliado ao rigor técnico musical e a uma forma de apresentação pouco convencional, o coro cênico, resumem de forma significativa o trabalho realizado no Coral UNIFESP. 
O repertório dos Afro-sambas nos pareceu uma boa escolha por fazer uma aproximação entre a “alta cultura”, representada pela poesia do poeta / embaixador Vinícius de Moraes, e a música de tradição afro-brasileira inspirada nos candomblés da Bahia. Seu caráter de sincretismo de tradições aparentemente opostas reflete com precisão o caldeirão cultural que é a música brasileira e a vivência coral universitária, agregadora de diferenças por natureza.
A montagem de um repertório onde predominam arranjos inéditos traz sentimentos paradoxais: se por um lado existe a insegurança de não conhecer os obstáculos do caminho, por outro, há o prazer de cantar peças que nunca foram feitas. Neste sentido, a escolha dos arranjadores é fundamental para que a viagem atinja os seus objetivos. André Protásio, Eduardo Lakschevitz e Zeca Rodrigues, todos do Rio de Janeiro, mais do que excelentes músicos, são amigos profundamente identificados com o trabalho realizado por este coro e que compartilham de uma mesma estética de canto coral. Walter Jr, Ricardo Barison e Daniel Reginato (integrantes e ex-integrante do coro) cada um a sua maneira, exploram as possibilidades de um coral que eles conhecem na intimidade.
Da mesma forma que o arranjo vocal de música popular vive numa zona híbrida entre o popular e o erudito, um CD com este perfil tem a difícil missão de não perder a espontaneidade da música popular e ainda parecer um coral. 
A busca de uma sonoridade que não seja MPB cantada por vozes líricas, mas que ao mesmo tempo tenha corpo é com certeza um objetivo (utopia) a ser perseguido. O tipo de reverb, o volume da percussão e a mixagem dos contrapontos passam por critérios técnicos, pessoais, mas também, e principalmente, por escolhas estéticas. 
Nesta procura, a competência, cumplicidade, crítica e musicalidade compartilhada por Adonias Jr, Alexandre Cueva, Kenia Muraoka e Walter Jr foram de fundamental importância para a realização deste trabalho.
Por último, o meu sincero e emocionado agradecimento aos cantores deste coro que com sua voz, amizade, bom humor, inteligência, talento e, acima de tudo, comprometimento, embarcaram nesta viagem comigo.

 

Eduardo Fernandes

Este disco é dedicado à Cris, ao João e à todos os cantores que nestes 17 anos passaram pelo Coral UNIFESP. Axé, Edu.

01. Consolação - Arr. Eduardo Lakschievitz (Solo de Dandara) - ouça a música 

02. Canto de Iemanjá - Arr. Zeca Rodrigues - ouça a música 

03. Labareda - Arr. André Protásio

04. Bocochê - Arr. Daniel Reginato

05. Tempo de amor (Samba do Veloso) - Arr. Zeca Rodrigues

06. Tristeza e solidão - Arr. Daniel Reginato

07. Ijexá de Oxum - Tradicional – Arr. Ricardo Barison / Edu Fernandes

08. Lamento de Exu - Arr. André Protásio

09. Canto de Pedra Preta - Arr. Walter Jr.

10. Canto de Ossanha - Arr. Clóvis Pereira

11. Canto de Xangô - Arr. Walter Jr.

12. Berimbau - Arr. Arlindo Teixeira - ouça a música 

Todas as canções são de Baden Powell e Vinícius de Moraes com exceção de Ijexá de Oxum, que é de domínio público. Arranjos feitos especialmente para o Coral Unifesp.

 

Comentário do Diretor

“... nunca os temas negros de candomblé tinham sido tratados com tanta beleza, profundidade e riqueza rítmica (...) E não digo na vaidade de ser letrista dos mesmos; digo-o em consideração a sua extraordinária qualidade artística, à misteriosa trama que os envolve: um tal encantamento em alguns que não há como sucumbir à sua sedução, partir em direção ao seu patético apelo”. 
Vinícius de Moraes

Ao me deparar com o convite do maestro Eduardo Fernandes para conceber uma encenação para o Coro da Unifesp dos Afro-Sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, imediatamente aceitei sem deixar de carregar aqui por dentro um temor em relação à abordagem que poderia fazer para estruturar o espetáculo.

As músicas de Baden e Vinícius são fortíssimas, revigoraram mesmo a música brasileira, pois pela primeira vez de maneira tão profunda, nelas o sincretismo, essência de nossa cultura, foi encarado de frente  e tramado com tanta qualidade. Remoía a idéia de que as músicas por si só já se bastavam. Além disso, os belos arranjos escolhidos e encomendados pelo maestro criavam tessituras sonoras estabelecendo verdadeiros diálogos principalmente entre as vozes masculinas e femininas.

E foi por aí, ao perceber essa especificidade, que comecei a vislumbrar o que poderia ser esse espetáculo.

O amor, a paixão, o erotismo e todas as suas belas e tristes conseqüências, temas tão importantes ao poeta Vinícius, nesses Afro-Sambas se configuram com uma roupagem arquetípica apoiada na mitologia dos orixás.

Fazia assim então a minha escolha: traduzir cenicamente as histórias fascinantes dessa mitologia estabelecendo um diálogo com o homem comum, as paixões humanas, com os encontros e desencontros que homens e mulheres estabelecem e sofrem durante o percurso da vida.

Se ao criar uma mitologia o homem busca compreender-se e compreender sua relação com a Natureza, nesse espetáculo fazemos esse coro de cantores-atores representarem ao mesmo tempo algumas histórias dos orixás extraídas do precioso livro de Reginaldo Prandi “Mitologia dos Orixás” e o ritmo, os versos e as melodias dessa dupla de compositores que potencializaram em sua obra esse duro e fascinante embate.

O nosso Afro-Sambas é uma missa em que o sagrado e o profano se cruzam e fertilizam-se.

Agradeço imensamente o carinho com que fui recebido por esse grupo de pessoas que apaixonadamente há 17 anos sob a batuta do Maestro Eduardo Fernandes investigam a linguagem cênica do canto coral, a Eduardo Schamó esse artista plástico argentino-brasileiríssimo que com seus isopores extravasa criatividade juntamente com Sueli Garcia nossa figurinista que proporcionaram o acabamento plástico do espetáculo.

Muito axé a todos

Marcelo Lazzaratto

 

Repertório

Canto de Iemanjá – Arr. Zeca Rodrigues
Bocochê – Arr. Daniel Reginato 
Caboclo Pedra Preta  – Arr. Walter Jr. 
Lamento de Exu – Arr. André Protásio 
Tempo de amor (Samba do Veloso) – Arr. Zeca Rodrigues 
Canto de Ossanha – Arr. Clóvis Pereira 
Canto de Xangô – Arr. Walter Jr. 
Labareda – Arr. André Protásio 
Ogum tá de ronda – Raúl do Valle 
Berimbau – Arr. Arlindo Teixeira
Tristeza e solidão – Arr. Daniel Reginato 
Ijexá de Oxum - Tradicional – Arr. Ricardo Barison / Edu Fernandes
Consolação – Arr. Eduardo Lakschievitz

Todas as canções são de Baden Powell e Vinícius de Moraes.
Ijexá de Oxum e  Ogum ta de ronda são trechos de cantos tradicionais de candomblé e umbanda respectivamente.
À exceção de Berimbau e Canto de Ossanha, todos os arranjos foram feitos especialmente para este espetáculo.

 

Ficha técnica

Regência e Direção Musical: Eduardo Fernandes
Direção Cênica: Marcelo Lazzaratto
Direção de Arte: Eduardo Schamó 
Regentes Assistentes: Kenia Muraoka e Walter Jr.
Preparação Corporal: Carlos Freitas 
Percussão: Adriana Prior, Alexandre Cueva e Cláudio Madio 
Figurino dos Orixás: Prof. Sueli Gracia, Christiana Basílio, Maiara Felippini 
Figurino do Coro: Marlene e Jairo (confecção Afrolene)
Cenário: Eduardo Schamó
Adereços: Eduardo Schamó
Programação Visual: Arthur Periscinotto 
Textos: extraídos do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi 
Iluminação: Rodrigo Caffer e Lygia Barison 

Contra Regra: João Mario Tristão, Maiara felippini, Wellington Mendes, Christianna Basílio, Beatriz Carvalho, Bruna Baltus, Bruna Baraldi, Juliana Ribeiro, Larissa Manis, Mariana Aguiar, Mariana Guerra, Melissa Haddad, Fernanda Marcuz , Anna Paula Conceição (Alunos do curso de design de moda do Centro Universitário Belas Artes).

 

Coralistas

Sopranos
Ana Carolina Prieto; Anna Smirnova; Barbara Oliveira; Carla Jaquetto; Cecília Nahas; Crystiane Depret
Dandara Modesto; Kenia Muraoka; Luciana Pereira; Madalena Herglotz; Mariana Werke; Morgana Lira; Rebeca Pessoa

Contraltos
Adriana Pacheco; Clara Rocha; Cristina Almeida; Cristina Borrego; Fátima Vasco; Isabela Corrêa; Josiane Gregório; Luciene Jacinto; Paula Barison ; Amanda Yamada; Regina Damaceno

Tenores
Álvaro Cueva; Cassiano Alves; Daniel de Thomaz; David Matos; Eduardo Rodriguez; Felipe Moreti; Jonathas Lugon; Luiz Vitiello; Ricardo BarisonArthur Perissinotto; Bruno Enriques; Carlos Freitas;

Baixos
Carlos Lourenço; Eduardo Schamó; Eufraudísio Modesto; Francisco Dubiela; Rafael Henrique; Walter Soares Jr

Agradecimentos: Conceicao Vieira da Silva Ohara, Jaqueline Prandini Veiga, Mauro dos Santos, Lúcia Medeiros, Marcos Barison, Márcia Barison, Adriana Pacheco, Agnelo Pacheco, Rodrigo Caffer.

Realização: 
Reitoria UNIFESP – Magnífico Reitor Walter Manna Albertoni
Pró-Reitoria de Extensão Universitária – Eleonora Menicucci de Oliveira
Departamento de Assuntos Comunitários - DAC – Conceicao Vieira da Silva Ohara
Coral UNIFESP – Maestro Eduardo Fernandes

 

Fotos

Primeira Temporada

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Segunda Temporada

 

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