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Comentário do Autor

A música tema – ‘Kátia e Paulo’, foi realmente composta dentro de um ônibus paulistano, ante uma inscrição quase idêntica à que aparece na peça. Isso foi em 1984, ano marcante para quem viveu e participou dos ruidosos momentos das ‘Diretas-Já!’, das cidades gigantescas gritando sua força e reunindo suas multidões. A linha ‘Estação da Luz – Divisa de Diadema’, passava pela Bela Vista, onde eu descia, e seguia sacolejando até uma sombria parada nas favelas que marcavam a fronteira de São Paulo com Diadema de então. Eu tinha vinte anos e o tempo parecia que nunca ia passar, enquanto eu parava nos incontáveis engarrafamentos, aguardando a próxima refeição. E o personagem que ama e odeia seu tempo e seu chão já estava desenhado. 

A peça é uma alegoria, porque não se pretende uma descrição realista, apenas um desfile de tipos e situações características da vida paulistana. O sujeito ‘perdido’ no tempo é só uma metáfora simples do susto e da não aceitação da velocidade descontrolada que a cidade impõe a seus moradores.

A idéia de um musical, surgida em 1984, dentro de um ônibus, foi relatada em 1988 ao novo amigo e parceiro, Marcelo Lazzaratto, colega de faculdade teatral, que junto comigo cantou esta canção em festival de 1992 para uma aglomeração de seis mil paulistanos. A mesma idéia ressurgiu em 1994, quando conheci o jovem maestro do CORALUSP, Eduardo Fernandes, que também amando teatro, me sugeriu que escrevesse algo que pudesse ser cantado e encenado. Escrevi em 1995. A peça repousou em gavetas. Vinte e cinco anos depois de cogitada, nos dias mágicos de ensaios em que me via reaprendendo minhas próprias canções e decorando minhas próprias palavras, em que o amigo de 1988 dirigia as cenas e o de 1994 dirigia as canções,  fingia para os meus amigos de 2009 que aqueles eram dias normais, de importância cotidiana para um paulistano centrado e maduro. Mas o tempo parecia que nunca ia passar, enquanto eu bebia cada momento. O tempo é o Senhor das coisas. Amém!

Álvaro Cueva - dezembro / 2009

Comentário do Diretor 
Senhoras e Senhores, só posso escrever aqui sobre a minha emoção. A emoção de mais uma vez estar trabalhando com esses coralistas, esse maestro e esses músicos que, juntos fazem um trabalho tão marcante, bonito e contundente na cena da música coral do Estado de São Paulo.

Só que neste atual trabalho, a emoção também vem da memória. Memória que não necessariamente se prende ao passado, mas que, ao ser resgatada, torna-se um presente tão pungente quanto qualquer acontecimento desses do tipo "de repente”. Depois do "Afro-Sambas", trabalho que pude dirigir em 2007 aqui, trazemos a você a obra inédita de um grande amigo, um parceiro de antigos, atuais e eternos carnavais.

Álvaro Cueva é um dos integrantes desse coral cheio de talentos individuais que optam por se colocar a disposição de um trabalho coletivo porque aqui encontram enorme potência criativa. Nós nos esbarramos, em 1988, no Curso de Artes Cênicas da USP. Juntos, formamos um grupo de teatro, criamos uma banda de música própria, gravamos um LP, compusemos inúmeras canções e cantamos "Kátia e Paulo" para mais de seis mil pessoas.

O tempo passou e só agora retomamos a parceria, cada um em sua especificidade. Eu me tornei um cara de teatro que agora dirige essa peça musical. Ele, o autor, tornou-se mais que um grande compositor, um poeta de primeira. Mas tudo isso só aconteceu porque o maestro Eduardo Fernandes teve a ousadia de das um grande passo na trajetória de seu coro cênico.

Aqui e agora, vocês poderão apreciar esse coro brilhantemente regido por ele, interpretando uma peça musical inédita e radicalizando sua proposição de juntar música e teatro, cena e canção. E tudo isso - reencontro, parceria e ousadia - é realmente emocionante, senhoras e senhores.

Marcelo Lazzaratto

Repertório

O Bonde da Perdida Esperança - De Alê Cieva / Affonso Moraes / Álvaro Cueva / Léo Nogueira
Arranjo: Eduardo Fernandes
Samba do Metrô - De Álvaro Cueva, Daniel de Thomaz / Zé Edu Camargo
Arranjo: Zeca Rodrigues 
O Ponto de Vista - De Álvaro Cueva / Alexandre Cueva
Arranjo: Walter Júnior
Serenata para a moça do 1301 - De Álvaro Cueva
Arranjo: André Protásio 
Dr. Jamil - De Álvaro Cueva
Arrnajo: Daniel Reginato
Kátia is blue - De Álvaro Cueva
Arranjo: Zeca Rodrigues 
Livaldino - De Álvaro Cueva 
Arranjo: Mônica Thiele 
Repente Paulistano - De Álvaro Cueva / Marcio Marciano
Arranjo: Ricardo Barison 
Kátia e Paulo - De Álvaro Cueva
Arranjo: André Protásio 
BuroRock - De Álvaro Cueva
Arranjo: Zeca Rodrigues 
Paulo responde - De Álvaro Cueva
Arranjo: Daniel Reginato 
Canabi Emotiva - De Álvaro Cueva 
Arranjo: Mônica Thiele 
Bosconeana - De Álvaro Cueva 
Arranjo: Eduardo Lakchevitz 
Sem identidade - De Álvaro Cueva 
Arranjo: André Protásio 
Elegia paulistana - De Álvaro Cueva
Arranjo: Mônica Thiele

Ficha Técnica

 

Ficha Técnica
Texto e Música: Álvaro Cueva
Direção Musical e Regência: Eduardo Fernandes
Direção Cênica: Marcelo Lazzaratto
Assistência de Direção: Rodrigo Spina
Iluminação: Marcelo Lazzaratto 
Fotografia: Mariana Serzedello 
Regentes Assistentes: Kenia Muraoka e Walter Jr.
Monitoria: Ricardo Barison e Crys Depret 
Violão e Percussão: Alexandre Cueva 
Percussão:
 Adriana Prior
Direção de Arte: Eduardo Schamó (cenografia) e Arthur Perissinotto (divulgação) 
Figurino: Sueli Garcia 
Contra-regras e assistência de figurino: Maiara Felippini, Stella Moreira Motta, Isabela Siqueira de Almeida, Ana Paula Simões, Sara Alves, Jackson Carvalho da Cruz e Wagner Cursino Simião 
Preparação Corporal: Carlos Freitas 
Agradecimentos: Morgana Lira, Claudia Cechinato, Adriana Pacheco, Agnelo Pacheco, Rodrigo Caffer, Jaqueline Prandini Veiga, Mauro dos Santos e Lúcia Medeiros.

Elenco
Jamil - Arthur Perissinotto
Kátia Blue / 1937 - Clara Rocha
Kátia Remelexo /
Rainha da Favela - Luciene Jacinto
Paulo Índio / Paulinho - Ricardo Barison
Dr. Paulo - Pedro Camilo
Livaldino Sobral - Eduardo Schamó
Roseclair - Madalena Herglotz
Antenor - Roberval Nunes
Dito Anexins (jornaleiro) - Álvaro Cueva
Paranhos (guarda) - Rael Godoy
Porteiro - Letícia Simonetti
Velhinha ladra - Cecília Nahas
Velhinho ranzinza - Luiz Carlos Vitiello
Burocrata - Luana Sant'Ana
Policia militar - Dandara Modesto
Policia civil - Fernanda Catai

Coralistas

Tenores
Álvaro Cueva (Dito Anexins), Cássio Luz (taxista), Eduardo Rodrigues (Sr. Onório), Felipe Moreti (médico), Jonathas Lugon, Luiz Carlos Vitiello (velho ranzinza), Pedro Camilo (Dr. Paulo), Ricardo Barison (Paulo Índio) e Roberval Nunes (Antenor / Dr. Clodomiro).

Baixos
Anderson Bouzan, Arthur Perissinotto (Jamil), Carlos Freitas (motorista do ônibus), Carlos Lourenço, Eduardo Schamó (Livaldino), Paulo Alexandre (folião), Rael Godoy (guarda Paranhos), Rafael Henrique e Walter Jr.

Sopranos
Ana Carolina Prieto, Carla Jaquetto, Cássia Gomes, Cecília Nahas (velhinha ladra), Crystiane Depret, Dandara Modesto (policial militar), Francielle Paixão, Kenia Muraoka (motorneiro), Letícia Simonetti, Leticia Soares (freira), Madalena Herglotz (Roseclair), Mariana Benassi, Morgana Lira e Regina Rios.

Contraltos
Adriana Pacheco, Andrezza Camargo, Carolina Hengler, Clara Rocha (Kátia 1937/ Kátia Blue), Fátima Vasco (Dona Clotilde), Fernanda Catai (policial civil), Isabela Corrêa, Letícia Grassi (porteiro), Luana Sant´Ana (burocrata), Luciene Jacinto (Kátia Remelexo / Kátia Rainha da Favela), Milla Cruz, Paula Barison, Rosyane Saukas e Valéria Bastos.


Fotos

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