Infertilidade conjugal
Quando um casal tenta ter filhos durante um período de um ano e isto não acontece, há chance de que exista alguma alteração que possa dificultar ou mesmo impedir a gravidez. Nesta situação, o casal pode se beneficiar do auxílio médico, uma vez que o diagnóstico da causa da infertilidade, apesar de ser trabalhoso, é muito importante na escolha do procedimento a ser adotado para resolver o problema.
A mulher não é fértil durante todo o ciclo menstrual (período que vai do início de uma menstruação até o início de outra). Isto ocorre apenas durante um pequeno período do ciclo, quando o ovário elimina um óvulo (ovulação). O dia considerado o mais fértil pode ser calculado, muito aproximadamente, como sendo o décimo - quarto dia antes do início da próxima menstruação.
Pode ocorrer que, mesmo tendo relação no período fértil, não ocorra a gravidez. Isto porque, para que isso ocorra muitos outros fenômenos devem acontecer, além da ovulação:
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os espermatozoides devem atravessar o útero e chegar nas tubas;
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os óvulos devem ser capturados pelas tubas após a ovulação;
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um espermatozoide deve penetrar no óvulo e fertilizá-lo;
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a tuba deve transportar o embrião formado até o útero;
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o embrião deve implantar na cavidade uterina e lá se desenvolver
Todo este funcionamento pode ser comprometido por defeitos, divididos em quatro grandes grupos:
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alterações na fabricação dos gametas (espermatozóide e óvulo ou oócito);
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alterações de transporte dos gametas ou dos embriões;
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alterações na penetração do espermatozóide no óvulo (fertilização) e;
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alterações da ligação do embrião com o endométrio (implantação).
Produção dos gametas masculinos (espermatozoides)
A varicocele, dilatação venosa que surge no escroto, é uma causa associada à deficiência na produção dos espermatozoides, produzindo redução tanto no número de espermatozoides quanto na sua qualidade. As infecções dos testículos (orquiepididimites) podem resultar tanto na redução do número de espermatozoides, quanto anular completamente sua produção. A criptorquia (testículos que não descem para o escroto) pode produzir ausência de espermatozoides no líquido seminal. Existem ainda muitas alterações hormonais que produzem deficiências na produção dos gametas masculinos; os hormônios mais frequentemente envolvidos são prolactina, hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e testosterona (hormônio responsável pelas características sexuais masculinas).
Produção dos gametas femininos (óvulos)
Mesmo na mulher que menstrua regularmente, nem sempre haverá ovulação. Existem casos em que a mulher menstrua a cada três ou quatro meses: em geral, esta mulher não ovula. A doença é chamada síndrome dos ovários policísticos ou, mais adequadamente, síndrome de anovulação crônica. Alterações hormonais, principalmente no hormônio folículo estimulante (FSH), podem ser um sinal de insuficiência ovariana. Embora ocorra principalmente no período da menopausa, pode acontecer em mulheres jovens (entre 30 e 35 anos), sendo conhecida como menopausa precoce. Outros hormônios podem também interferir no ciclo menstrual e determinar anovulação, como ocorre com prolactina, cujo excesso (hiperprolactinemia) produz várias alterações no ciclo menstrual, secreção de leite nas mamas e também falta de ovulação.
Transporte dos gametas masculinos
Os espermatozoides são produzidos nos testículos, armazenados e maturados nos epidídimos e, antes de serem depositados na vagina, passam pelos canais deferentes e pela uretra. Os espermatozoides são apenas cerca de 5% do volume do ejaculado: a maioria do volume é formado por secreções das vesículas seminais e da próstata. Existem pacientes que nascem sem os canais deferentes: neste caso, os espermatozoides continuam a ser produzidos, mas não conseguem sair dos epidídimos, que incham. A doença se chama agenesia de deferentes. Na ejaculação retrógrada, o sêmen é ejaculado na bexiga, ao invés de ir para a uretra. O homem então se queixa de sentir que ejacula, mas não ter líquido seminal. A vasectomia é uma condição frequente que impede o transporte dos espermatozoides.
Transporte dos gametas femininos
A endometriose pode produzir aderências que dificultam ou impedem a função de transporte das tubas. As infecções genitais podem lesar a parte interna das tubas (mucosa), influindo negativamente tanto na contratilidade tubária quanto no movimento dos cílios que impulsionam o espermatozoide, o óvulo e o embrião. As cirurgias do abdômen, especialmente na região baixa (pélvis), onde ficam os genitais, podem produzir processos de aderência que comprometam a fertilidade. É o que, às vezes, acontece quando a paciente tem uma apendicite grave e é operada de emergência. Algumas manipulações cirúrgicas são intencionalmente dirigidas para produzir a infertilidade, como é o caso da laqueadura tubária.
Fertilização do óvulo
Nessa etapa, é importante a qualidade do óvulo e do espermatozoide. Antes de penetrar no óvulo, o espermatozoide tem que se ligar na “casca”, chamada zona pelúcida. A seguir, já dentro do óvulo, o espermatozoide interage com o óvulo para iniciar a formação do embrião. É um processo de natureza celular, e depende da existência e interação de estruturas celulares do óvulo e do espermatozoide.
Implantação do embrião no útero
A implantação depende de uma interação molecular entre a parede interna do útero (o endométrio) e o embrião. Malformações do útero podem reduzir a receptividade ao embrião, acarretando infertilidade. A receptividade do útero ao embrião depende de hormônios (estradiol e progesterona) que, se inadequados, reduzem as chances de gravidez. Malformações do embrião (em geral genéticas) podem também impedir sua implantação
Vale Lembra que ...
Para que se possa ter um diagnóstico adequado do casal, é necessária uma consulta médica associada a exames específicos. Após um diagnóstico acurado, poder-se-á eleger o procedimento mais adequado para aquele casal. O que é benéfico a um determinado casal pode ser até prejudicial a outro: sempre são necessárias a atenção e a orientação médica para que se produza o melhor resultado em reprodução humana.