Inaugurada em primeiro de abril de 2016, no aniversário dos 52 anos do golpe militar, a exposição Antônio Benetazzo: Permanências do Sensível mostra o lado artista do militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO).

Benetazzo (1941-1972) nasceu em Verona, Itália, em 1° de novembro de 1941 e veio para o estado de São Paulo aos nove anos de idade, morando em Caraguatatuba e São Sebastião. Aos 21 anos, entrou para o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e cursava Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de São Paulo. Em meados da década de 1960, passou a dar aulas de Filosofia e de História da Arte. Ao mesmo tempo, estudava pinturas conhecidas e inspirava-se em amigos e viagens a Caraguatatuba para criar suas próprias pinturas e colagens em estilo pop. Estas obras são dos anos de 1967 a 1971, sendo que pelo menos a partir de 1969 Benetazzo já vivia na clandestinidade. Foi para Cuba como militante da ALN em 1969 e retornou clandestinamente ao Brasil em novembro de 1971, já como parte do MOLIPO. Preso em 27 de outubro de 1972, em um aparelho na Vila Carrão, foi torturado por dois dias até ser morto sob pedradas em 30 de outubro, no Sítio 31 de Março, em Parelheiros. Sua companheira, Maria Aparecida Antunes Horta, estava grávida e teve a filha do casal, Maria Antônia, no exílio em Cuba. A menina faleceu ainda na infância. Cida Horta, como era conhecida, era irmã de Paulo Antunes Horta, aluno do segundo ano de medicina da Escola Paulista de Medicina que também foi preso e submetido a torturas em 1972, embora não fosse do MOLIPO.

Esta é a primeira e maior mostra de sua obra, encontrada na casa de diversos amigos e parentes, possibilitando ao público que conheça 90 pinturas e desenhos, objetos pessoais e cópias do jornal Imprensa Popular, publicação oficial do MOLIPO. A exposição é realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o Centro Cultural São Paulo e conta com apoio do Instituto Vladimir Herzog. Esteve em cartaz no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000), no piso Flávio de Carvalho, até 29 de maio de 2016.

 

por Heloisa C. M. P. Matias