Cat 4

 

Resultado do concurso cultural temático "Unifesp Mostra sua Arte - UMA 2021 - Cultura e Memória" na categoria 4  -  Artes da cena

1º Lugar - Em memória do abraço 

 

Com uma característica tão pessoal, a cultura brasileira é marcada pelas demonstrações calorosas de amor e carinho. Atitudes, como abraçar, fazem parte do dia a dia de nossa sociedade, ou pelo menos faziam. Com a pandemia, o evitar abraçar tornou-se uma demonstração de amor, mas gerou saudades de um ato tão simples, porém tão significativo. O contato ficou de lado e o não contato se tornou o foco, gerando preocupações extremas, ás vezes. A cultura de abraçar ainda faz parte do brasileiro, mas por enquanto, de forma segura, apenas na memória.

 

2º Lugar - A sobrevivencia do passado 

 

"Ecléa Bosi, em texto de 1979, define a lembrança como a sobrevivência do passado. Ao refletir sobre cultura e memória, desde o princípio, pensei no tema a partir do recorte da família e das relações familiares que se estabelecem a partir da cultura. A minha família é nordestina, mas se mudou para o norte na geração anterior à minha. Tenho uma família que se reúne aos finais de semana, que reza, pede benção, que tem histórias que só conta depois de uma certa idade, porque tudo tem seu tempo. Daí, com a morte do meu tio (Paulo), em 27 de setembro de 2021, passei a refletir sobre a memória que se modifica a partir da perspectiva da morte, sobre os ritos de morte e sobre o que fica de quem parte. Se a memória é o fio condutor sobre o qual uma cultura se estabelece e se ela é o que nos permite a consciência do passado e do presente, deixo para o futuro esse pedaço de memória familiar que talvez fale sobre outras famílias. Aqui reunidas, estão fotos recentes e antigas da minha família e imagens públicas de Quixadá, no Ceará, Santarém e Mojuí dos Campos, no Pará, além de prints retirados do histórico do google maps – da esquina em que meu tio ficava todo dia trabalhando desde que me entendo por gente: Avenida Paulo Maranhão, 1173 – Rodagem, Santarém - PA. Para minha surpresa, na busca, descobri que aquela esquina tem registro de três datas: junho e novembro de 2012 e outubro de 2019. No primeiro deles, em junho, o meu tio aparece na porta de seu comércio coçando a cabeça e no segundo, naquele mesmo ano, a cadeira em que ele costumava sentar está lá: vazia. Paulo Pereira de Souza, eternizado nas lembranças de sua família e também no ciberespaço - por causa das câmeras do Google Street View. "

 

3º Lugar - Ranhuras 

 

Ranhuras é um vídeo que propõe um diálogo entre performance, teatro e videoarte a partir do tema da memória de um indivíduo e seu cotidiano na cidade grande. Alguns elementos da vida privada são friccionados com o espaço público na busca de uma elaboração poética de questionamentos acerca de uma rotina atravessada por violências noticiadas nos meios de comunicação, nas ações concretas de líderes políticos, nos dispositivos e objetos do cotidiano e nas memórias do performer. Como subverter uma cultura da produtividade e da solidão imposta pela metrópole? Como mobilizar o corpo para uma reinvenção do cotidiano? Como fazer os objetos pessoais serem agenciadores de memórias potentes a fim de tirar o corpo da inércia? Essas perguntas mobilizaram algumas ações criativas com o objetivo de traduzir respostas ou novas perguntas em forma de ranhuras em nosso tecido social.

 

4º Lugar - Ode e Ódio 

 

Esse texto nasce da tentativa de elaborar uma angústia, escrever apesar do cânone, representado por Clarice Lispector e sua memória. Como escrever quando tudo já foi escrito?

 

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5º Lugar - Cadão-chupa-cudi

 

Trata-se de um evento. Encontro "menor", de importância diminuta, dissolvido na imediatez de um passeio turístico. Lá surge o desdito, o que não se pronuncia: só o próprio. Alguém- qualquer-um. Hermitão que se goza na ignorância do estrangeiro que brota pelos cantos de ali - tocaia familiar do outro com o qual se defronta. Onde estará cadão-chupa-cudi - "bichão taludo o verdugo"? Aprisionado (feito clara-crocodilo?) pela captura delirante do maquinismo em imagem-som? Um entre outro compondo-se - antropologias arregaçadas: resta conformado, por instantes, a memória do acontecido. Não se vê cadão todos os dias. Isso disse jefferson-melatanga depois de comido.

 

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