Cientista da Semana: Juliana Fernanda Lescano 8o termo do curso de Ciências Ambientais Projeto de IC: Interações Ecológicas entre Psittaciformes e Plantas: mutualismo ou predação? Orientador: Thomas Püttker Vídeo: https://youtu.be/S58GIEphwq4 |
O que motivou você a começar uma iniciação científica? A motivação para o projeto surgiu entre conversas com o Prof. Thomas e com o orientando Gabriel Boreli, que possui uma ONG de conservação de papagaio-de-cara-roxa em Itanhaém – SP. O que você está pesquisando? A pesquisa, de modo geral, trata da interação de papagaios com as sementes de plantas tropicais. Nossa pergunta original era: ao bicar ou manipular as sementes, estariam os papagaios apresentando uma ação predatória, ou seja, matando as sementes e fazendo com que elas não pudessem mais germinar? Ou, na verdade, estariam os papagaios facilitando a germinação? Porém, com a pandemia e a suspensão dos trabalhos de campo, a pesquisa foi adaptada para responder a pergunta: Psittaciformes (araras, papagaios, cacatuas, periquitos) possuem interações mutualísticas (positivas) com plantas, tais como dispersão de sementes e polinização, ou agem somente como predadores de sementes? |
Como é a rotina no seu trabalho de pesquisa? Inicialmente, a pesquisa era realizada como trabalho de campo, em Itanhém, e análises em laboratório. Em campo, fazia-se a coleta de sementes manipuladas por papagaios. Em laboratório, faríamos o plantio, acompanhamento e análise da germinação ou não dessas sementes. Porém, com a pandemia, suspendi as atividades em campo e passei a trabalhar apenas no computador. Realizo o que chamamos de revisão bibliográfica, ou seja, busco artigos sobre o tema por meio de palavras-chaves, leio e analiso. Então, classifico os artigos quanto à quantidade e qualidade das interações ecológicas que eles abordaram e quais as espécies envolvidas. |
O que você descobriu até o momento? Até o momento, mais de uma centena de artigos foram encontrados sobre o assunto! Desses, cerca de um quarto afirma que papagaios são predadores de sementes e descartam qualquer interação positiva. Menos de um quarto citam que o comportamento observado pode ser positivo, mas não se aprofundam na investigação. Porém, a partir de 2015, as pesquisas sobre as possíveis interações entre esses seres vivos vêm ganhando novos contornos. Grupos de pesquisa, como os de Guilherme Blanco e José Tella, trouxeram registros de possíveis interações ecológicas positivas entre os grupos estudados. Interações positivas representaram metade dos artigos analisados, mostrando que podemos estar diante de um novo entendimento sobre o tema. O que você mais gosta mais gosta na sua pesquisa? Poder contribuir com um conjunto de conhecimentos em construção e com a possibilidade de diversos desdobramentos. |
Qual é o impacto da sua pesquisa para a sociedade? Se os resultados mostrarem que essa ordem de aves possui outro papel além da predação de sementes, pode-se pensar em ações e políticas públicas para a preservação e conservação dessas aves. Os resultados podem causar mudanças na visão da sociedade e, até mesmo, dos pesquisadores, sobre os Psittaciformes. O que mais você gosta de fazer, fora da vida acadêmica? Sou professora de biologia do ensino médio em escolas estaduais de São Paulo. Mas como a vida não é só estudo, meus hobbies são ler livros de literatura em geral (nacional e internacional), assistir séries (suspense e policial), ouvir música (mpb e rock), brincar e passear com meu cão (Scooby) e gata (Selene), jogar no celular, estar na companhia da família e amigos e, mais recentemente, fazer atividade física. |