A resistência a antimicrobianos (AMR) foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como um dos dez principais problemas de saúde pública em todo o mundo, uma vez que afeta todas as regiões geográficas, causando um aumento na morbimortalidade dos pacientes e impactando o tratamento de outras doenças, como o câncer. A AMR também afeta os esforços para alcançar a cobertura universal de saúde e os objetivos de desenvolvimento sustentável.

Em um estudo recente, estimou-se que 4,95 milhões de mortes estavam associadas à AMR, sendo que 1,27 milhões dessas mortes eram diretamente atribuídas à AMR. As maiores taxas de mortalidade foram observadas em países de baixa e média renda, onde o saneamento básico deficiente e a governança inadequada têm sido apontados como fatores de alto risco para a AMR.

Para combater a AMR, há consenso de que é necessário um sistema de vigilância integrado baseado na abordagem "Saúde Única" com capacidade de monitorar e detectar precocemente o surgimento e propagação da AMR em todos os ecossistemas, uma vez que os resíduos dos serviços de saúde, da comunidade e das propriedades de criação de animais podem conter antimicrobianos e genes de resistência a antimicrobianos, que acabarão por contaminar o solo e água de rios, lagos e mares.

Neste contexto, a AMR tem sido considerada um dos principais desafios globais de saúde do século XXI, com uma estimativa de 10 milhões de mortes por ano até 2050, se nenhuma ação for tomada, o que reduzirá a expectativa de vida para as gerações futuras.

A criação do Instituto de Resistência Antimicrobiana de São Paulo (ARIES) desempenhará um papel crucial na luta contra a AMR, pois tem como objetivo estabelecer um centro de excelência dedicado não apenas à pesquisa para a compreensão dos mecanismos e da evolução da AMR, mas também à promoção de mudanças nas políticas de saúde pública e ao estímulo de medidas inovadoras para mitigar a AMR.