Conferencista: Dr. Contador Borges (Escritor, psicanalista e filósofo) 

 

Resumo

É por demais conhecida a ideia de Freud segundo a qual a base da hostilidade e do endereçamento do ódio encontra-se na renúncia pulsional imposta pela cultura e pela ordem simbólica, assim como a tese incômoda de que ódio e amor são reversíveis em suas pulsões em relação a seu objeto desde o berço na estrutura social humana. No universo simbólico o ódio se inscreve na literatura, na arte ou na política, chegando a se constituir como um gênero de discurso: os textos de Sade contra os virtuosos e contra Deus, ou os de Saint-Just no espírito revolucionário contra os opressores são alguns exemplos. Por outro lado, Freud também mostra, na história moderna, a implicação do ódio como agente relevante no totalitarismo antissemita em que uma hostilidade mortal se efetua em relação ao outro enquanto minoria, ou seja, o povo judeu. No indivíduo e na sociedade, em todas as suas relações, a humanidade sempre se viu às voltas com o ódio vinculado ao mal-estar da cultura. Mas se assim é até que ponto o discurso feito em seu nome e que lhe dá suporte simbólico comporta as forças que o caracterizam enquanto tal? Não seria o ódio por definição o que excede todo discurso? Roland Barthes diz que todo discurso de poder engendra culpa e essa culpabilidade se reflete nas relações com os outros. Pensando nisso e invertendo tal formulação, o chamado discurso de ódio não incorreria nesse viés se manifestando como sintomático e culposo em si mesmo? Ao menos nesse sentido talvez se pudesse então afirmar que odiamos para nos livrar da culpa.

Data: 26/08/2024

Hora: 15:00

Local: Rua Sena Madureira, 1500, Prédio da reitoria, Anfiteatro do 4to andar, Vila Clementino.

Inscrições

O evento será exclusivamente presencial