Conferencista: Prof. Dr. Michel Sleiman (Professor de Língua e Literatura Árabe na Universidade de São Paulo)
"A guerra é dura,/ mas me leva a amar ainda mais". Nesse verso do gazenze Ahmad Assuq, de 23 anos, o amor, pulso primitivo da vida, parece borrar o horizonte distópico da Palestina hoje fatiada e cercada, de dentro e por fora das micropartições impingidas pelas diligências do sionismo invasor, que têm levado às populações cerceadas, sobretudo em Gaza, um cenário de "terra devastada", como não imaginaria, em seu tempo, o poeta americano T. S. Elliot no célebre poema da devastação. Na antologia, recentemente traduzida e publicada no Brasil, Gaza, terra da poesia, organizada pelo poeta Muhammad Taysir, ele mesmo, ao lado do citado Assuq e outras e outros poetas, todos jovens, rompem o muro silenciador e se deixam ouvir nos anseios e buscas, nos questionamentos e hesitações de sua juventude surrupiada, a cavalo da esperança/desesperança de quem vive a realidade do cerco há mais de quinze anos.