Laboratório de Estudos Arqueológicos
Departamento de História
UNIFESP
Espelho: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/554441
A retirada do direito à terra tem sido o gatilho para a violação de inúmeros outros direitos das populações. Ao longo da história do Brasil as populações mais vulneráveis têm sido constantemente desapropriadas de seus territórios, perdendo seus modos de vidas, cultura, condições de saúde e, inclusive, de suas vidas.
A terra é um ponto central na vida social, pois ela corporifica as relações individuais e interesses privados, com investimentos de numerosas instituições de âmbito sociais atuantes na vida cotidiana dos indivíduos. Porém, prevalece nessas relações o interesse pela concentração do lucro à curto prazo que beneficie os interesses de uma minoria.
Durante a colonização o interesse privado pela terra, em detrimento do coletivo, tinha seu aparato legal baseado em crenças, primeiramente sob ordens da Igreja, posteriormente do Estado e, atualmente, pela pseudo ciência que, amparadas por dispositivos legais, pode ser usada para manipular as informações que chegam até a sociedade.
A manipulação de informações cria medo, e a busca pela paz, na lógica do espetáculo, sem debates plurais que permitam contemplar os interesses de todos os segmentos sociais, leva parcela da sociedade a apoiar ações repressoras para os grupos sociais mais vulneráveis, retirando progressivamente deles seus direitos. É no apagamento do direito do coletivo, que privilegia e protege o interesse privado, que despontam múltiplas cisões entre a sociedade segmentada.
Embora os direitos humanos possuam uma perspectiva individual, pois a consequência mais dura atinge diretamente o indivíduo em seus territórios, é na a multiplicidade de violações individuais em espaços de caráter coletivo que a sociedade como um todo é atingida.
As ações em busca de uma convivência social mais pacífica ainda carecem de ações suportes que levem a encaminhamentos políticos de resistência. Na modernidade, as manifestações e formas de atuações contra as violações aos direitos humanos buscam alternativas de convivência coletiva por meio de pactos sociais que assegurem os direitos dos cidadãos.
O objetivo do grupo de pesquisa Territórios e Direitos Humanos é instigar pesquisas, debates acadêmicos interdisciplinares sobre o uso, disputa e resultados dos embates sociais pelo direito à terra e repensar em novas formas práticas de convívio social que possam ser menos nocivas para a sociedade.
Abordar o direito ao território é discutir questões advindas do campo da arqueologia, história, antropologia e patrimônio, que resgatam informações e dados que explicam os conflitos e disputas pela terra que já ficaram apagadas da memória coletiva. Dentro do território destacam-se também questões como acesso à água, ao alimento, saúde, educação, ambiente e do Direito.
Compreender a sociedade por meio de seus territórios é compreender a intrincada trama que explica as relações sociais.