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Conferencista: Profa. Dra. Laura Moutinho (Professora Associada do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade de São Paulo e pesquisadora do CNPq).
A primeira Cátedra de Antropologia Social da British Commonwealth foi inaugurada na Universidade da Cidade do Cabo, University of Cape Town (UCT), pelo antropólogo britânico Alfred Radcliffe-Brown, em 1921. Situada numa África do Sul anterior ao apartheid, surgiu em contraposição ao regime racista de exceção que se instaura em 1948. O objetivo da conferência é dar inteligibilidade a relações sociais e de poder imersas numa complexa malha geopolítica, para além da dualidade colônia/metrópole, que reconfiguram as questões da segregação, de raça e gênero, num tempo e espaço específicos, conformando as fronteiras da antropologia então praticada.
Professora: Profª. Drª Alessandra Affortunati Martins
Entre 1934 e 1938, Freud está obcecado pela controversa imagem de um Moisés que não seria judeu, mas sim egípcio. Quando redige O homem Moisés e a religião monoteísta circunscreve a categoria de estrangeiro que será decisiva para debates contemporâneos da psicanálise e da filosofia anticolonialista e não-identitárias. Seu Moisés foi escrito no calor da hora: com a anexação da Áustria pela Alemanha nazista de Hitler, Freud será obrigado a exilar-se na Inglaterra, aprofundando seus afetos relacionados à posição de estrangeiro, já experimentada na pele como judeu-europeu. A ousada tese freudiana é capaz de romper com toda historiografia eurocêntrica e judaico-cristã do Ocidente, como mostra Edward Said em Freud e os não-europeus. Com a noção de estrangeiro, Freud subverte tanto os ideais nazifascistas de pureza da raça e de nacionalismo, como os ideais sionistas pautados na identidade judaica.
No curso, a articulação de Freud com Benjamin visará aprofundar o caráter estrangeiro inerente à linguagem da tradução e o lugar em que o estrangeiro se situa, o limiar. Diferente da noção de fronteira, simples divisória identitária entre dois territórios distintos, Benjamin amplia e concede densidade a um lugar de passagem. Analisaremos como desse suposto “não-lugar” nascem outras formas estéticas e éticas. A partir da análise de alguns textos de Walter Benjamin sobre fascismo e modernidade será possível elucidar a vivacidade dos debates anticolonialistas e não-identitários mencionados e observar os meandros da clínica psicanalítica e da política contemporânea, pautada em aspectos identitários de sujeitos suplantados pela lógica unívoca da mercadoria.
A segunda edição da Exilium- Revista de Estudos da Contemporaneidade já está disponível para leitura.
A revista será lançada dia 28 de Junho de 2021 às 17:00 horas em um evento da Cátedra Edward Said
Assista a gravação do lançamento
Conferencista: Jorge Elices Ocón (Pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em História da EFLCH-Unifesp)
Em Madīnat al-Zahra’, a nova cidade e capital dos omíadas de al-Andalus (Espanha), construída nos arredores de Córdoba por volta do ano 940, foi descoberta uma impressionante coleção de sarcófagos e estátuas romanas. As fontes árabes aludem a essas peças e, também, indicam que os califas de al-Andalus adquiriram livros e patrocinaram traduções de obras antigas. Que sentido poderia fazer para um governante islâmico exibir essas peças antigas em seu palácio e traduzir livros de história escritos em latim séculos atrás, quando nem as imagens do passado, nem as palavras e os protagonistas eram ainda os mesmos? Essa é a pergunta que este conferência tentará responder.