Eventos
Conferencista: Profa. Dra. Beatriz Mugayar Kühl (Professora Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo)
A palestra tratará de temas ligados à preservação de bens culturais, enfatizando a construção cultural plurissecular de abordá-los simultaneamente como elementos de rememoração (monumentos) e como documentos históricos. Analisará também o enfrentamento dessas questões na atualidade, que por vezes privilegiam aspectos ligados à memória e à conformação de identidades de setores da sociedade em detrimento de aspectos documentais relevantes, o que pode resultar em destruições e apagamentos problemáticos.
Conferencista: Prof. Dr. Álvaro Faleiros -Professor Titular do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP)
A tradução cultural tem sido um conceito bastante profícuo para se pensar novos modos de produzir relações entre mundos. Eduardo Viveiros de Castro a define como “equivocação controlada”. Essa noção diz respeito ao processo envolvido na tradução de conceitos práticos e discursivos do outro para os termos do aparato conceitual daquele que enuncia, ampliando as ferramentas conceituais daqueles que se deixam afetar outramente por essas cosmovisões. Repensar o cânone, nessa perspectiva, permite, por um lado, ressituar algumas obras no cânone brasileiro, como “O meu tio, o Iauaretê” de Guimarães Rosa, ou Macunaíma de Mário de Andrade. Por outro lado, nos leva a repensar o próprio cânone, no qual obras como Textos de Tribos de Antônio Risério, Rã-txa hu-ni-ku-~i, de Capistrano de Abreu, o Ayvu Rapta dos Guarani Mbyá e A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, passam a ser relevantes.
Conferencista: Prof.ª Dr.ª Mary Macedo de Camargo Neves Lafer - Professora de Língua e Literatura Grega na Universidade de São Paulo (USP)
Na mitologia grega há diversas divindades femininas que são sempre apresentadas em conjunto, caso das Muras, das Eríneas, das Horas e das Graças, entre outras. A conferência procura mostrar como elas são caracterizadas, como agem no enredo dos mitos, qual sua função no espaço político e no espaço familiar. As fontes literárias consultadas são os poetas Homero e Hesíodo, do Período Arcaico da Literatura Grega, séculos VIII e IX a.C.
Conferencista: Prof. Dr. Michel Sleiman (Professor de Língua e Literatura Árabe na Universidade de São Paulo)
"A guerra é dura,/ mas me leva a amar ainda mais". Nesse verso do gazenze Ahmad Assuq, de 23 anos, o amor, pulso primitivo da vida, parece borrar o horizonte distópico da Palestina hoje fatiada e cercada, de dentro e por fora das micropartições impingidas pelas diligências do sionismo invasor, que têm levado às populações cerceadas, sobretudo em Gaza, um cenário de "terra devastada", como não imaginaria, em seu tempo, o poeta americano T. S. Elliot no célebre poema da devastação. Na antologia, recentemente traduzida e publicada no Brasil, Gaza, terra da poesia, organizada pelo poeta Muhammad Taysir, ele mesmo, ao lado do citado Assuq e outras e outros poetas, todos jovens, rompem o muro silenciador e se deixam ouvir nos anseios e buscas, nos questionamentos e hesitações de sua juventude surrupiada, a cavalo da esperança/desesperança de quem vive a realidade do cerco há mais de quinze anos.